Aqueles que amamos nunca morrem

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Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós e permanecem vivos em nossos corações. Amado Nervo

Demorei mas compreendi a mensagem de Amado Nervo, pseudônimo de Juan Crisóstomo Ruiz de Nervo, poeta mexicano que viveu entre 1870 e 1919: “Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós e permanecem vivos em nossos corações.”

Era 2 de novembro, Dia de Finados. Fui ao Cemitério com a intenção de visitar o local onde se encontravam os restos mortais do meu filho, que partiu aos 20 anos de idade.
Havia muita gente em todos os cantos: grupos orando; pessoas andando como se estivessem passeando, pois conversavam animadamente; jovens com balde, água e flanela se oferecendo para fazer limpeza de túmulos em troca de dinheiro; vigilantes parados como “estátuas”. Um “clima” quase de “festa”.

Eu caminhava e via tudo aquilo com certa passividade pois, para uma mãe, é difícil entender e aceitar que um filho parta antes dela.

Em dado momento, os sinos anunciaram a Missa de Finados, que seria realizada às 17h na Igreja local. Foi aí que parei de caminhar, fechei os olhos, respirei, escutei o meu coração e me perguntei: – O que estou fazendo aqui no cemitério? Missa de Finados? Como assim?

A resposta que “chegou” para mim foi: – Meu filho está vivo e eu ainda vou reencontrá-lo, pois a morte não existe. A vida continua numa outra dimensão, ou seja, o que parece o fim é apenas o começo. Depois, revendo este sentimento, constatei que não era apenas o espiritismo que o defendia, pois, Nizan Guanaes, Maria Célia Monteiro e Grace Gomes, autores da música “Valente”, escreveram um dos seus versos que diz: “[…] o que nos parece o fim, p´ra ele é o começo de tudo […]”. Esta música foi cantada nas missas do sétimo e do trigésimo dia da “mudança de plano” do meu filho. Mais detalhes, favor consultarem meu livro que se encontra à venda na amazon.

Foi um momento complexo. Não tenho como explicar o que aconteceu e o que me aconteceu. Lembro-me, apenas, que era muito estranho eu estar naquele lugar, num cemitério! Então, saí rapidamente dali, fui para o estacionamento, peguei o carro e, em vez de ir para casa fui resolver uma situação do cotidiano, pois o meu entendimento naquele momento era o de que a vida terrena, embora transitória, era fato e eu precisava continuar o meu caminho por aqui.

Senti que fiz o que deveria fazer, mesmo sabendo que a saudade, o grande amor que ficou, me acompanharia até o momento inexplicavelmente dado como o certo.

Este é um dos “retalhos” da minha vida que me proporcionou um grande aprendizado: uma maior compreensão e, possivelmente, maior aceitação da transitoriedade da vida terrena.

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Caso o leitor queira citar este texto, deverá utilizar a referência como apresentada abaixo:

BRITO, Delva. Aqueles que amamos nunca morrem. Salvador, BA, 2021. Disponível em: <http://www.delvabrito.com.br>. Acesso em: (registrar: dia mês ano Ex.: 05 out. 2021).