Na Índia, existem quatro leis da espiritualidade que representam um processo de autoconhecimento, de percepção da vida e de como os deuses influenciam o nosso caminhar. São elas:

1 – A pessoa que vem é a pessoa certa – Esta lei anuncia que ninguém entra em nossa vida por acaso. Cada um aparece com objetivos diferentes e, geralmente, não programados.

2 – Aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido – Os acontecimentos da nossa vida estão escritos/previstos. Nada poderia ter sido de outra forma. Portanto, não devemos nos martirizar, pois não há do que se arrepender, ao contrário, devemos aprender com os nossos erros e acertos.

3 – Toda vez que você iniciar é o momento certo – Isto quer dizer que se as energias e/ou situações permitem que algo novo aconteça é porque teria que acontecer, porque precisávamos dessa oportunidade ou desafio.

4 – Quando alto termina, termina – Esta, talvez, seja a lei mais forte e mais difícil, mas quando conseguimos aceitá-la, nos livramos de sofrimentos. A vida é formada por ciclos, que têm hora exata para começar e terminar. O fim dos ciclos pressupõe fim de relacionamentos, perdas, fracassos, mortes etc). Os fins são tão necessários quanto os começos. Precisamos ser fortes para suportá-los, contorná-los e vencê-los. Este é um dos maiores aprendizados da vida.

Embora concorde, quase totalmente, com as referidas leis, em um dos períodos que estive na Índia observei que a espiritualidade apareceu “encoberta” pelo místico e/ou como mercadoria, nas mais diferentes formas. Um exemplo: visitei um templo budista e, em frente dele, havia um caminhão com cocos. Pessoas, em uma fila, compravam coco, entravam no templo, quebravam o coco e jogavam os respectivos pedaços em um “cocho”, como oferenda à Buda. Em outro templo (Suchindtam Temple) em Kerala, sul da Índia, pessoas levavam alimento como oferenda. Embora entenda que este é um ato cultural, ao vê-lo sendo exercido como um ato espiritual, senti-me confusa, pois estava à procura da espiritualidade na sua pureza, desejando senti-la para me fortalecer.

Tenho observado outras expressões da espiritualidade, mas ainda continuo com perguntas como: qual o verdadeiro significado da espiritualidade? Como ela se expressa, de fato, interiormente e exteriormente? Como lidar com a espiritualidade em situações em que ela é transformada em mercadoria?

Você, que está lendo este texto, como expressa a sua espiritualidade?